segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A mídia nacional conspira pelo silêncio

Apesar do silêncio e da omissão (propositada) das grandes organizações de comunicação social, a mídia alternativa e internética dão espaços devido aos lançamentos editoriais (livros), que revelam os bastidores da trajetória política de grandes "chefões", que perambulam pelos corredores e gabinetes do Congresso Nacional.
Aqui, graças ao site "Extra Classe" e à coluna "Polêmica", podemos ver, como na postagem anterior, a escalada ao poder, como dizem os artigos di site "Extra Classe": "Na corrida pelo poder, crimes sem criminosos e sem cúmplices",
E revelam a existência de uma bilbiografia petulante, corajosa e reveladora, como "Marcegos Negros", de Lucas de Figueiredo (Editora Record) e "Notícias do Planalto", de Mário Sérgio Conti (Editora Companhia das Letras), além de "Memória das Trevas", do jornalista João Carlos Teixeira Gomes (Geração Editorial).
Lançado em 19 de janeiro de 2001, "Memórias das Trevas" provocou um obsequioso silêncio de quase toda a imprensa nacional. No Observatório de Imprensa, Alberto Dines flagra esta omissão em "O Complô do Silêncio". Dines escreve. “A mídia nacional (com honrosa exceção de IstoÉ), apoiada pela máquina administrativa do senado e o governo da Bahia, jogou-se numa operação escancarada para abafar a repercussão do livro. Na semana de lançamento (20-28 de janeiro) saiu uma única matéria traçando o perfil de seu autor, um dos mais importantes intelectuais da Bahia. E esta matéria saiu na IstoÉ. Uma entrevista do autor para Valor, com duração de uma hora, saiu tão escondida mas tão escondida que pode ser considerada como caso de estudo sobre a inocente técnica de “matar” um assunto fingindo que está sendo promovido”.
É certo que a trajetória de ACM pelo submundo da baixa política é conhecida. Escândalos não faltam em sua vida pública. Como Ministro das Comunicações no governo José Sarney promoveu um festival de concessões de canais de rádio e televisão. Capitaneou a negociata escandalosa do governo federal montar uma operação para salvar um banco privado, no caso o Banco Econômico, de seu amigo Ângelo Calmon de Sá, que teria financiado sua campanha com mais de US$ 1,1 milhão. Estava envolvido, conforme denúncia da revista Veja, em um esquema de sonegação, lavagem de dinheiro e remessa ilegal de dólares, através do Caixa 2 da empreiteira OAS ( empresa do genro César Matta Pires), em cifras que chegam perto de US$ 300 milhões, para contas no exterior. Em novembro de 2000, a revista IstoÉ denuncia que a família de ACM detém 79% das ações da empreiteira, que segundo denúncias da Polícia Federal teria desviado ilegalmente US$ 500 milhões. E a OAS à sombra do poder, vai faturando com obras públicas. Fez a reforma no aeroporto de Salvador e a construção da fábrica da Ford na Bahia.

Enfim, sobram denúncias mas a fortuna de Magal
hães vai engordando. “Ele é um dos homens mais ricos do país. Sua fortuna é incalculável e ele não consegue explicar isso. Nada existe no nome dele. A TV, afiliada da Rede Globo na Bahia, uma agência de publicidade, uma construtora, várias outras emissoras de TV, ações milionárias na Petrobrás e no Banco do Brasil e investimentos na área industrial”, enumera Gomes. Hoje, ACM criou a holding Bahiapar, para aglutinar os negócios da família.


Sob o título "ACM", a jornalista Célia Moreira, escreve o seguinte artigo, abaixo postado na íntegra:
"Memórias das Trevas revela trajetória de Antônio Carlos Magalhães", copyright PanoramaBrasil, 22/01/01
"A Geração Editorial começa o ano apresentando aos leitores um livro-bomba. Memórias das Trevas - Uma Devassa na Vida de Antônio Carlos Magalhães, do jornalista e escritor baiano João Carlos Teixeira Gomes, narra a biografia do atual presidente do Senado.
A trajetória pessoal e política de ACM descrita em Memórias das Trevas inclui um sem número de perseguições, agressões, violências nas mais diversas formas, retaliações, truculência, covardia, autoritarismo, desmandos e toda a sorte de atitudes cometidas por um político beneficiário da ditadura militar, num reinado de mais de 40 anos de poder.
João Carlos Teixeira Gomes, 64 anos, é jornalista, professor universitário e um dos mais eminentes intelectuais de sua terra. É colega de Antônio Carlos na Academia de Letras da Bahia.
O livro é uma extensa e detalhada reportagem, que começa narrando o longo calvário de perseguições que o próprio autor - e o Jornal da Bahia, por ele dirigido de 1969 até 1971 - sofreu pelo então governador nomeado pela ditadura Antônio Carlos Magalhães, que chegou a tentar condená-lo com base na Lei de Segurança Nacional. ‘Joca’ Teixeira Gomes derrotou ACM na própria Justiça Militar por 4 a 1.
Com o rigor de repórter e a luta pela ética e liberdade de expressão do intelectual, o autor constrói, em Memórias das Trevas, uma reflexão sobre o fenômeno da tirania. Um tratado sobre a defesa da liberdade de expressão que tem como cenário a vida política do país de 64 até nossos dias. Um livro que o sociólogo Gilberto Vasconcellos apontou como o mais completo depoimento jornalístico já escrito no Brasil. ‘Um livro estupendo e vingador à maneira de Os Sertões, de Euclides da Cunha.’
A Geração Editorial aceitou o desafio de publicar uma obra singular, recusada por uma dezena de outras editoras, que, apesar de reconhecerem o seu mérito e alta qualidade, tiveram receio de levá-la aos leitores. (Memórias das Trevas, João Carlos Teixeira Gomes, Geração Editorial, 768 pg, 2001 - R$ 40,00)".