sábado, 17 de março de 2007

BR: o país da bur(r)ocracia intencionada

Enquanto na solicute, perambulo por lugares alhures e me posto a trocar idéias com meus confusos e boquiabertos botões. Eles não dizem nada, apenas ouvem em taciturno silêncio. Questiono-os por quê os congressistas não fazem leis objetivas, de transparente entendimento, em lugar de expressões jurídicas e intelegivelmente rebuscadas? Tal qual fizeram com o Código Nacional de Trânsito, estabelecendo, previamente, a pena em termos pecuniários e pontuação para efeito da perda da carteira de motorista.

Assim, nos rotineiros casos de corrupção, uma peste que virou praxe, por exemplo, tanto o corruptor quanto o corruptível seriam, da mesma forma, previamente penalizados com a indisponibilidade de todos os seus bens, alargando tais efeitos aos nepotes, para que se erradique a transmissão de bens, e, seguindo o que já reza o CNT, determinar de imediato a cassação dos direitos políticos por um período não inferior a 30 anos, a exemplo da pena máxima prevista no Código Penal.

Tal feito, com a mesma objetividade e conteúdo de propósitos, a saber, se estabeleceria aos contumazes sonegadores, cujos nada mais são do que praticantes de crimes de apropriação indébita e crime de lesa pátria. Segundo Aurélio, no Novo Dicionário da Língua Portuguesa, sonegar é (4) "Tirar às ocultas; furtar, surrupiar; (5) deixar de pagar, (6) ocultar com fraude".

Daí, como entendo, pela realidade dos feitos e conquistas historiadas mundo a fora, que "Ninguém é rico, milionário ou poderoso impunemente".

Por outro, passei a entender, da mesma forma, quais as razões que levam os legisladores a redigirem leis de forma complexa, rebuscada e de senso interpretativo, sem que as substituídas percam seu efeito, assim como passei a entender as razões que levaram os mesmos legisladores a estabelecerem a gama de privilégios jurídicos, cujos só têm alcance os detentores de discriminantes condições sociais, que no Brasil chega no máximo aos 10% dos que estão no pico da pirâmide social. Os da base ... bem estes apenas os rigores da lei.

A bur(r)cracia, na visão dos legisladores, tem lá seus fundamentos e seus propósitos pré-intencionados. Quanto maior e mais complexo for o emaranhado de leis, mais próprio à manipulações de cursos e recursos feitos legais, às sentenças, às benesses e aos privilégios jurídicos, estes só alcançados por um décimo da população brasileira.

Assim, denuncia o juste-milleu vigente, caminha a justiça social no Brasil.

Tomado de completa curiosidade

Ao ler a matéria "Tarso está certo: Imprensa é parcial", postada no blog do Paulo Henrique Amorim, confesso que fui tomado da mais ampla curiosidade. E aí fui à leitura. Não me senti surpreso com a factualidade do compotamento da mídia, pois tal vem acontecendo a largo tempo, mas sim com a repentina descoberta do Ministro Tarso Genro, como se o único a ter percebido a existência de um clarão de luz.

Diante de tal fato, restou-me fazer o seguinte comentário: "O ministro Tarso Genro, em lugar de divagar como se o único gênio que descobriu a luz do que há séculos é factualidade, deveria denunciar e promover uma forma de acabar com os desmandos, não apenas na manipulação da opinião pública que a mídia faz, como sempre fez, mas quanto ao crime de extorsão por indução que todos os canais de televisão (excetua-se a TVE / Cultura) através de pseudos sorteios de prêmios em bens materiais ou dinheiro, via ligações telefônicas cobradas. E muitas sequer atendidas, mas apenas respondidas através de uma gravação na secretária eletrônica, como vem sendo o caso do programa Hoje em Dia, da TV Record, apresentado pelo trio: Brito Júnior, Ana Hickmann e Eduardo Guedes. Fiz o teste e tenho documentos comprobatórios de tal falcatrua. E o mais grave é que, através dos quiz as TVs induzem crianças e adolescentes a gastarem em ligações, com as quais faturam altíssimo em conluio com as concessionárias de telefonia e operadoras, com propostas (perguntas) meramente alienantes e com o objetivo primeiro de faturar. O BBB7, só de inscrições (e isso é uma fria, posto que tudo é manipulado) faturou cerca de R$ 4 milhões só com inscrições de candidatos ao programa. Um crime de extorsão por indução, já que não existe a tal de seleção dos inscritos. E sequer há uma fiscalização oficial. Além disso, e tal é sabido por toda a imprensa, mas ninguém denuncia, as ligações para eliminar esse ou aquele personagem do programa são régia e indevidamente cobradas. Quando se sabe que tudo gira em torno de decisões tomadas única e exclusivamente pela própria produção/direção do programa. Isso, segundo o bom senso de justiça, é crime contra a economia popular, é crime de extorsão, repito, por indução, quando na realidade é um jogo de engodo. Essas coisas é que a imprensa (dita livre e independente) e o Ministrro Tarso Genro devem denunciar também e especialmente. Será que teremos algum ministro, algum jornalista ou algum órgão de imprensa com "c... roxo" prá tanto? Eu continuo duvidando que haja alguém com coragem para tanto! E aí restará, mais uma vez, a prova de imparcialidade da mídia e dos profissionais de comunicação, como classifica Mino Carta. Aliás, ao próprio já enviei matéria refente, mas até hoje sequer uma resposta. Silêncio total e cumpliciador. Vou aguardar ...

Por fim, mais um comentário postado no Blog do Paulo Henrique Amorim, inspirado na surpreendente descoberta do Ministro Tarso Genro: "Incrível! Como o Ministro Tarso Genro, tido como uma das melhores "cabeças" da política brasileira e, a exemplo da grande maioria dos governantes e políticos brasileiros adeptos do jogo do truco, levou tanto tempo prá descobrir o "óbvio ululante", como dizia o dramaturgo Nelson Rodrigues. Quanto as tais e promocionais CPIs - é só prá isso que servem - faz parte do jogo de truco que vigora há muito no Brasil. É um jogo, não prá derrubar o Lula da presidência, mas para forçá-lo a se neoliberalizar, e, assim, fazer o jogo das elites dominantes, passando a ser quem dá as cartas ... mas conquanto favoreça a multiplicidade de interesses em jogo nesse jogo das elites. Lula não cai ... do poder, porque já está caindo no jogo ditado pelas elites que dominam o país há largo tempo. O objetivo de certas e pseudas pressões tem esse único vetor.

sexta-feira, 16 de março de 2007

Celso Gilberto de Oliveira: a vida por uma causa

Nos tempos de adolescência e dos muitos jogos e brincadeiras na rua Frederico Guilherme Ludwig, lembro do jovem amigo Celso Gilberto de Oliveira, que lá também morou. Muitas vezes esteve na nossa casa jogando “futebol de botão” e participando de algumas rodas de bate-papo descontraído. Simpático, sempre de bom humor e de pouca fala.
No ano de 1966 um grupo de jovens adolescentes, embalados e inspirados nos Festivais de Música Popular Brasileira, da TV Record, projetou a realização de um festival de música na cidade. Muitos daqueles jovens compunham excelentes letras e músicas. O local da exibição seria o Clube Cultural Canoense, onde já havíamos realizado algumas reuniões. Lembro, pelos registros que fazia na minha coluna no semanário O Timoneiro, que a Comissão Organizadora era presidida pelo jornalista José Ribeiro Fontes (presidente), Luiz Carlos Schneider e Bruno Pagot (secretários), Manoel Airton Aquino Guerra e Ivo da Silva Lech (tesoureiros), Carlos Gilberto Fernandes de Vargas (relações públicas) Paulo Jéferson Mendes e este blogueiro (departamento de divulgação). E lá, em algumas reuniões, esteve por vezes, por achar a idéia do festival muito boa, o amigo Celso, com o propósito de colaborar.

Era o tempo da ditadura fardada, como se refere o jornalista Mino Carta. Regime de arbítrio e de caça aos opositores do novo regime que não aceitavam o sistema político ditatorial-militar. O Brasil havia sofrido um golpe militar na calada da noite do dia 31 de março para 1º de abril de 1964. As forças do Exército já haviam ocupado os pontos estratégicos e os militares tomado o poder à força. O presidente João Goulart, o Jango, havia determinado que fosse evitado por todos os meios o derramemento de sangue. E assim se fez. Acompanhado pelo general Argemiro de Assis Brasil, então ministro da Casa Militar, Jango se exilou no Uruguai. Os militares se acomodaram no Palácio do Governo e passaram a ditar normas, leis e Atos Institucionais. O pior e mais grave, o famigerado AI-5, veio em 13 de dezembro de 1968, mesmo depois do veemente discurso proferido por Ulisses Guimarães, em Campos, na Bahia, quando asseverou: "Na cadeira de Rui Barbosa, que representou as tradições libertárias desta Estado, não podem sentar os penetras indicados pela oligarquia e pelos conchavos entre amigos e parentes".

E mais disse Ulisses: "Vocês ouvem falar do achatamento salarial. Vocês ouviram falar e de se tomar providências do achatamento dos lucros criminosos que fazem a opulência de poucos e enchem as burras e as arcas das multinacionais, fazendo com que tenhamos uma sangria às avessas, o sangue e o suor dos trabalhadores para enriquecer outras pátrias, outrso países?". E concluiu com enfática coragem: "Baianos, marchemos para a vitória a 15 de novembro. Baioneta não é voto e cachoro não é urna".

Em 1970 o Brasil inteiro, levado pela institucional propaganda indutiva, torce e vibra com a seleção de futebol no México, ano em que o Brasil, coincidentemente, conquista o tricampeonato mundial de futebol e, em definitivo, a Taça Jules Rimet. Enquanto isso, distante da opinião pública, prisioneiros políticos eram torturados nos porões da ditadura militar e inocentes passaram a ser vítimas da violência e das barbáries que foram impetradas nos 21 anos de duração do caos moral e político, quando só pensar em voz alta já era um inimaginável risco. E, em meio à euforia do milagre econômico e da vitória da Seleção na Copa de 1970, emerge a idéia da realização de um filme-denúncia. O quadro das bárbaras atrocidades inspirou o diretor Roberto Farias (“Assalto ao Trem Pagador”) a realizar Prá Frente, Brasil, filme onde todos esses acontecimentos são vistos pela ótica de uma família quando um dos seus integrantes, um pacato trabalhador da classe média, é confundido com um ativista político e desaparece. Conforme edição da revista Veja, por ocasião do lançamento do filme, a enigmática história do desaparecimento de Celso Gilberto de Oliveira teria sido uma das inpirações à realização do filme.

Sequer algum de nós, do grupo que projetava o festival, imaginava ou desconfiava do envolvimento do amigo Celso com grupos revolucionários do centro do país. Quando tinha que viajar para o Rio de Janeiro, Celso alegava estar trabalhando na Enciclopédia Barsa, até porque no Rio era mais fácil prá vender, justificava. Outras vezes “arranjava” viagens para outros lugares. Mas jamais abriu ou deixou desconfiar que era um ativista militante do MR-8. Só depois de sabê-lo morto é que tomei conhecimento através do seu companheiro de ideal revolucionário, Paulo Rocha da Rocha, que também esteve preso no Doi-Codi, e cujos registros no então SNI – Serviço Nacional de Informação - devem confirmar.

O propósito desta crônica – que também é uma homenagem ao amigo e herói anti-redentora - me veio à idéia ao navegar pela Internet e me deparar com o site Desaparecidos – Grupo Tortura Nunca Mais. Apesar que, o jornal Gazeta de La Stampa, sob minha direção e editoria, nos anos 90, já havia publicado matéria a respeito dos presos e desaparecidos no período do arbítrio, incluindo o general Argemiro de Assis Brasil, que foi preso logo após retornar do local do exílio do presidente Jango, e que, enquanto sobrevivendo como professor, morou em Canoas, no edifício da rua Tiradentes, nº 17, esquina BR-116; e o médico e ex-vereador Edson Medeiros.

“Vi, então, ainda jovem, que os problemas decorrentes de nossa estrutura social, imobilizada pelos interesses das classes dominantes, se agravavam com a eficácia e a eficiência da exploração permanente daqueles novos senhores”. A frase do general Argemiro de Assis Brasil, mesmo dita em tempo anterior à ditadura militar, define perfeitamente o clima que passava a existir no que na década seguinte passou a ser definido como Anos de Chumbo.

Celso e Paulo foram presos na mesma época, com alguns dias de diferença. Daí, conta o ativista Paulo da Rocha, que a última vez que ouviu a voz do amigo Celso foi durante um interrogatório numa das celas do Doi-Codi, que ficava próximo a que se encontrava. Disse que apenas ouvia os berros dos carrascos, tipo fala seu filha da p...”, “nós vamos fazer tu falar ...” e coisas mais. E o Celso nada de responder. Silêncio absoluto. Fidelidade absoluta à causa. Até que num dado momento, enquanto era torturado com socos, ponta-pés e choques impetrados pelos carrascos da ditadura, Celso revidou com uma cuspida no rosto de um dos seus algozes. Paulo disse que sabia que era cuspida porque o próprio algoz bradou em voz alta e em tom hiper irritado: “Esse filho da p... cuspiu na minha cara.

A história, ainda segundo Paulo, é que depois disso teriam levado o Celso para um passeio num camburão do Exército. No meio do caminho, em local ermo e rodeado de mato, teriam parado o camburão, abrido a porta traseira e dito: “Se tu quesé vivê, corre! Te manda! Não olha prá trás!”. E Celso correu em direção ao mato e à liberdade, mas nunca mais pode olhar prá trás e nem para lugar algum, as balas covardes e traiçoeiras dos carrascos foram mais rápidas e o alcançaram pelas costas.

Era um dia do mês de dezembro de 1970. E assim chegava ao fim a luta de um jovem por um ideal de liberdade ... e de um suplício, que suportou com fidelidade.

CELSO GILBERTO OLIVEIRA no esporte em Canoas


Aqui Celso Gilberto Oliveira, nos anos 60, em Canoas, quando integrou o time de Futebol de Salão do AGRIMES ou BANAGRIMER.


Homenagem ao canoense com a denominação de Rua Celso Gilberto Oliveira, no Rio de Janeiro.


Mapa mostrando a localização da Rua Celso Gilberto Oliveira, que homenageia o jovem canoense assassinado em dezembro de 1970, no período da Ditadura Militar.

Contatos via e-mail: xicojunior.pagot@gmail.com

terça-feira, 13 de março de 2007

Pan Pan ra-ram-pan ... Pan Pan!

Acabo de ler o que sempre imagino quando se trata de eventos "patrocinados" pelo poder público. E em todos os níveis. Carta Capital revelou, a mídia em geral silenciou e agora volta à tona a questão do Pan do Brasil 2007.
Ainda conforme Mino Carta, de Carta Capital, o "investimento" (para os não céticos, despesas) inicial era de US$ 178 milhões (leia-se dólares, vertido para reais dava cerca de 360 milhões). O ministro do Esporte, Orlando Silva, diz que "o projeto do Panamericano foi mal feito". E até agora, pelo revelado, já chega a R$ 3,5 bilhões. Ou seja, cerca de 9 (nove) vezes mais.
A mídia de modo geral, e com grandes interesses subliminares, se mostrou tímida aos fazer incursões superficiais, o que não é algo nunca visto. "Tanto mais num país como o Brasil, onde a imprensa em geral não passa de um dos rostos do poder conservador e costuma puxar a brasa para uma única sardinha sempre que seus donos percebem o status quo ameaçado", asseverou Carta.
Faltou ao governo federal e o estadual do Rio de Janeiro serem leais, sinceros e transparentes. Jogaram, como sempre, com um engodo. Fizeram a cabeça da minoria plebéia e de repente dão um salto monstruoso nas despesas à realização do Pan, com o mascote "Cauê" (eleito em demagógica eleição com urnas espalhadas por todos os cantos e seu nome, a essa altura, cairia como uma luva "Auê") e tudo.
No frigir dos ovos veremos as tevês (plim, plim) se locupletando com um evento esportivo, a exemplo do que aconteceu com a Copa do Mundo da Alemanha 2006. Preparem seus regimes, porque o que não vai faltar é "abobrinha" verde-e-amarela.
Quem viver (ou acompanhar), verá!

domingo, 11 de março de 2007

O aprimoramento da imprensa

Lembro dos anos em que sentia orgulho da imprensa citadina. De minha parte, por ter contribuído para o aprimoramento da qualidade informativa e uma imprensa com posicionamentos jornalísticos éticos e profissionais. Em proveito da independência e do respeito que tantos os jornais quanto os jornalistas (excluem-se os "profissionais da comunicação", posto que esses pertencem a outra "raça".

De sempre, quando me permito algumas observações a respeito, vejo a imprensa local, assim como os clubes sociais, numa incontida decadência jornalística. Os jornais, quinzenários ou mensários, viraram informativos de gabinete e "copidesque" de uma comunicação virtual.

Apenas o Timoneiro, com as devidas ressalvas de propósitos, ainda se mantém equidistante do um jornalismo servil, os demais se tornaram "lázarianos", mas nem migalhas sob a mesa oficial encontram. O lauto é oferecido à imprensa da capital. Pouco se vê na imprensa local sobre Canoas, e quando tal acontece a lambeção.

A imprensa citadina, a bom tempo, optou pelo silêncio e manter-se a eqüidistância da realidade factual. Talvez fosse oportuno reescrever a história da imprensa canoense, para incluir informações sobre as aventuras tipo HQs.Além de "A Imprensa de Papel", que sem mais nem menos acontecerá, ressurgirá, em brevíssimo espaço de tempo, uma surpreendente novidade nada virtual para resgatar os 98 anos de imprensa canoense, que se deverá, por justiça histórica, comemorar em 10 de agosto próximo, ainda que uma orquestração afinada pelo mesmo diapasão, e dissonante com a história, continue na contra-corrente da factualidade memorial.

Quem viver, verá!