sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Histórico: Dilma Vana Rousseff, eleita, assume como a primeira mulher presidente do Brasil


Nesta edição não poderíamos deixar de destacar um fato inédito e histórico: a posse, no dia 1º de janeiro de 2011, de Dilma Vana Rousseff, a primeira mulher presidente do Brasil. Em seu discurso, por ocasião da sua diplomação no TSE - Superior Tribunal Eleitoral, ela destacou: "Essa atitude rompe preconceitos, desafia limites e enche de esperança um povo sofrido".  Na oportunidade Dilma reafirmou seu compromisso com a estabilidade econômica, pela erradicação da pobreza e pelo zelo à liberdade de expressão e de culto.

Além disso, a edição de dezembro de 2010 da Gazeta de La Stampa traz matérias sobre a Reforma da Previdência; a Vice-Procuradora-Geral da Justiça Eleitoral aceita denúncia anônima; Justiça: Ministra se diz vítima da morosidade do próprio Judiciário brasileiro; Casas vazias superam déficit habitacional, diz Censo; Juiz Federal Previdenciário declara inscontitucional o "Fator Previdenciário"; Os Deputados e o abuso com o dinheiro publico, referente ao auto-aumento na ordem de 61,83% de seus próprios salário, passando de R$ 16.700,00 para R$ 26.700,00, assim como o do Presidente da República, Ministros, etc. decisão abusiva que virá em cascata, pois todos os milhares de deputados estaduais e governadores, e os milhares e milhares de vereadores e prefeitos dos mais de 5.500 municípios brasileiros serão beneficiados, automaticamente com o mesmo percentual ou até mais. E por fim, no "Ponto de Vista", a grave denúncia: Processos de extorsão que estão virando moda, referente aos abusivas cobranças feitas pelas concessionárias de telefonia e da Corsan - Companhia Riograndense de Água e Saneamento. Fatos que registram mais algumas das muitas vergonhosas formas de extorsão que são praticadas contra o povo brasileiro. E cadê o Judiciário? Prá que servem os MP - Ministérios Públicos Federal e Estaduais, a PF - Polícia Federal e as Agências Fiscalizadoras, como ANVISA, ANATEL, ANEL, etc. Essas parece que foram criadas para proteger e atender todos os interesses e os pedidos das concessionárias de telefonia, de energia elétrica, água e esgoto, indústria farmacêutica (medicamentos), etc.

* Para ampliar basta um clic sobre a foto
** Contatos via e-mail: la-stampa@ig.com.br
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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Saiba quem é o maior ídolo do tênis brasileiro: Guga ou Maria Esther Bueno?


Maria Esther Bueno: o maior fenômeno do tênis brasileiro
MARIA ESTHER BUENO: A bailarina de Wimbledon 

Aos 20 anos, com um estilo agressivo de jogar, de saques fortes e subidas rápidas à rede, Maria Esther Audion Bueno tornou-se a primeira brasileira a vencer a chave de simples do Torneio de Wimbledon, em Londres, na Inglaterra, batendo a tenista norte-americana Darlene Hard (EUA). Voltou a ganhar o título mais duas vezes: em 1960, quando venceu a sul-africana Sandra Reynolds, e, em 1964, ao derrotar a australiana Margaret Court. Jamais uma jogadora brasileira repetiu tal feito. Seus títulos permaneceram muito tempo como as únicas conquistas do tênis brasileiro. Conquistou também o torneio de duplas femininas e mistas em Wimbledon em 1958, 1960, 1963, 1965 e 1966; venceu quatro vezes o torneio de simples (1959, 1963, 1964 e 1966) e de duplas (1960, 1962, 1966 e 1968) no Aberto dos Estados Unidos (US Open Tenis); de simples no Aberto da França (1960) e no Aberto da Itália (1958, 1960 e 1965); e de duplas no Aberto da Austrália (1960). Foram, ao todo, 558 títulos internacionais e 25 nacionais. Por dez anos esteve entre o primeiro e o segundo lugares no ranking mundial, sendo eleita, na temporada de 1959/1960, a maior atleta feminina do mundo. Esther começou a jogar tênis aos 5 anos. Aos 11, disputou seu primeiro campeonato e, aos 18, ganhou seu primeiro título internacional, o Orange Bowl, nos EUA. Terminada a carreira, em 1974, tem voltado a Londres para trabalhar como comentarista para uma rádio inglesa.
Finais de Grand Slam (35)



Simples (13)

Vitórias (7)

Ano
Torneio
Adversária da Final
Placar da Final
6-4, 6-3
1959
6-1, 6-4
8-6, 6-0
7-5, 6-4
6-4, 7-9, 6-3
1964
6-1, 6-0
6-3, 6-1


Finais Perdidas (6)

Ano
Torneio
Adversária da Final
Placar da Final
6-4, 10-12, 6-4
5-7, 6-1, 6-2
5-7, 6-4, 5-2 RET
6-4, 7-5
6-3, 3-6, 6-1
6-2, 6-2


Linha do tempo em Grand Slam

Tournament
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F
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-
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SF
QF
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QF
-
-
F
SF
SF
QF
QF
-
1R
-
QF
V
V
-
SF
QF
V
F
F
4R
QF
-
4R
3R
QF
V
F
-
SF
V
V
SF
V
2R
SF
-
3R
2R

Maria Esther Bueno é uma das maiores tenistas que o mundo já viu. Um terror para quem jogava contra ela. Seu estilo era elegante e gracioso, tanto que seu apelido era Estherzinha.


Ao mesmo tempo, seus golpes eram eficientes e precisos, especialista em saque e voleio. Subia à rede, logo após o saque, e matava o ponto aproveitando as falhas na devolução do adversário. Dessa forma, percorria o caminho mais curto até a vitória e acumulava troféus.


A grande tenista Maria Esther Bueno exibindo alguns dos seus exuberantes troféus conquistados em Grand Slams.
Maria Esther Andion Bueno (São Paulo, 11 de outubro de 1939) é uma ex-tenista brasileira, atuante nas décadas de 1950, 1960 e 1970. Ao longo de sua carreira, venceu dezenove torneios do Grand Slam (7 na categoria simples; 11 em duplas femininas; 1 em duplas mistas). Segundo o anuário do Daily Telegraph, que registra a classificação dos tenistas entre 1914 e 1972, Maria Esther Bueno foi a Nº 1 do mundo em 1959 e 1960. O International Tennis Hall of Fame também a incluiu como a melhor tenista do mundo, em 1964 (depois de perder a final no Torneio de Roland-Garros e ganhar Wimbledon e o U.S. Open) e 1966.

Famosa pela elegância do estilo de jogo e pela potência do serviço, é considerada a maior tenista brasileira de todos os tempos.
Acima Maria Esther Bueno no Envelope do 1º Dia como bi-campeã mundial de tênis, em 1960. Abaixo, capa da Revista Manchete ao lado do presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira; no centro a estátua em sua homenagem erguida em frente ao Pacaembu e que foi destruida, e à direita com o "rei" Pelé.
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APOSENTADOS: Juiz Federal decide pela insconstitucionalidade do Fator Previdenciário

Senador Paulo Renato Paim, um dos maiores lutadores contra o "famigerado" FATOR PREVIDENCIÁRIO, comemora a decisão do Juiz da 1ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, que declarou "a inscontitucionalidade do Fator Previdenciário".
O senador Paulo Paim (PT-RS) comemorou a decisão do juiz da 1ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, Marcus Orione Gonçalves Correia, que declarou a inconstitucionalidade do "famigerado fator previdenciário". De acordo com o senador Paulo Paim, a decisão se deu "por introduzir elemento de cálculo que influi no próprio direito ao benefício".


Em pronunciamento na segunda-feira, 06/12/2010, Paulo Paim saudou o juiz por sua decisão. O senador lembrou que a Constituição fala da questão da idade para a aposentadoria, mas "o fator previdenciário malandramente reintroduziu" o quesito idade frente à expectativa de vida da população.


Segundo Paim, o juiz considerou o fator previdenciário como "um retrocesso social", uma vez que funciona apenas como um redutor para os benefícios. O parlamentar salientou outro aspecto observado pelo juiz: o fator previdenciário não leva em conta as diferenças regionais relativas à idade e à expectativa de vida.


Na sentença, Marcus Orione Gonçalves Correia determinou que o Instituto Nacional do Seguro Social promova imediatamente o recálculo do benefício, sem incidência do fator previdenciário.


Paulo Paim trouxe exemplo citado pelo juiz, segundo o qual uma mulher, com 30 anos de contribuição e com salário médio de R$ 1.000, tem seu benefício reduzido para R$ 565, após a aplicação do fator.


Do blogueiro: A defasagem, no exemplo acima, é de nada menos do que 43,5%, enquanto na maioria dos casos oscila de 35% a 40% e em casos especiais a defasagem supera os 50%. O "Fator Previdenciário", portanto, é uma forma encontrada pelo governo e tornada legal, apesar de inconstitucional, de lesar os aposentados que passaram décadas e décadas pagando compulsoriamente para receberem uma aposentadoria descente, mas se viram enganados por um processo espúrio, lesivo, extorsivo. Essa maracutáia tem que ser corrigida o mais breve possível, tanto por tratar-se de uma "injustiça social por extorsiva", quanto por ser inconstitucional.


O senador disse ainda que o projeto foi aprovado por unanimidade pelo Senado Federal, mas aguarda votação em Plenário na Câmara, onde tramita sob o número 3299/08. O senador lembrou ainda terem sido colhidas mais de 2 milhões de assinaturas contra o fator, que definiu como "uma grande injustiça".


O senador Papaléo Paes (PSDB-AP) apoiou o pronunciamento de Paim.


Fonte: Redação / Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência do Senado).
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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O Processo de Extermínio no Mundo: "O inimigo é a própria humanidade".

Professor, escritor, físico e engenheiro José Walter Bautista Vidal.
Entrevista concedida pelo professor, físico, engenheiro e escritor baiano, que foi ministro no governo do general Ernesto Geisel, José Walter Bautista Vidal à revista "Caros Amigos", em dezembro de 1997, que, por isso, poucos brasileiros tiveram acesso: por tratar-se de uma revista de pequena circulação, já que a chamada grande imprensa jamais publicaria tal entrevista. Bautista Vidal, nessa entrevista, faz importantes e surpreendentes revelações, inclusive denunciando as estratégias do ingresso do neoliberalismo no Brasil, a partir de 1979, tendo como figura principal o entreguista e escroque Roberto Campos, até o fato da implantação de um estratagema para o sistema genocida internacional.


Li essa entrevista, há alguns anos passados, na própria revista que me fora emprestada por um amigo e ex-militar da Aeronáutica, e andava ansioso à cata dessa matéria. Portanto, leiam e entendam como as coisas acontecem subliminar e barbaramente para manter o poder que o capitalismo e os financistas detém no mundo globalizado.


Aqui publicamos uma parte apenas da entrevista (no roda-pé três sites com a entrevista completa), mas suficiente para entender o engendramento da multiplidade de fatos e feitos que estão exterminando milhões e milhões de seres humanos no mundo todo.


Caros Amigos - O senhor fala também no "extermínio" dos três quartos da humanidade que não consomem.


Bautista Vidal - Isso está em marcha. Há um documento do Clube de Roma, de uns três anos atrás, que chega a dizer a seguinte frase: "The enemy is the humanity itself" - o inimigo é a própria humanidade. E ali se analisa que esses três quartos da humanidade precisam ser exterminados. A população da áfrica, por exemplo, hoje é a metade do que era há dez anos. Havia quarenta e tantas guerras na áfrica no ano passado.


Caros Amigos - Isso faria parte de um processo de genocídio programado?


Bautista Vidal - Existe outro famoso documento que veio a público o ano passado, ou retrasado, assinado pelo Bush e pelo Kissinger, propondo reduzir a população de vinte países no mundo, entre os quais o Brasil. É a primeira coisa - reduzir a população. No Brasil foi um sucesso total, tudo o que foi previsto nesse documento - ligaduras etc. - foi cumprido. A redução de natalidade no Brasil é uma coisa assustadora.


Caros Amigos - Esse documento é de quando?


Bautista Vidal - De vinte anos atrás. É esse negócio dos americanos, de divulgar documentos secretos vinte anos depois, e esse documento definia a redução da população de vinte grandes países do mundo, dos mais populosos. Tem a Nigéria, o Brasil, a China, a índia.


Caros Amigos - O que significa o "índice de genocídio" citado no seu livro?


Bautista Vidal - É o seguinte: na hora em que você tem uma massa crescente de desempregados, principalmente nos países avançados, você cria uma massa de revoltosos. E aí tem de criar exércitos para controlar, o que é um problema. Quatro milhões de pessoas, cada uma com um pau na mão, qual é o exército que vai enfrentar? Então tem de exterminar, por uma questão de assegurar a estabilidade.


Caros Amigos - E qual seria o meio de extermínio?


Bautista Vidal - São vários. Aqui no Brasil vamos começar a catalogar: você tem aquele meio formal das Benfans, que é exterminar no útero das mães. O Estado da Paraíba teve uma fase em que 57 por cento das mulheres ainda férteis já haviam sido esterilizadas. Aqui na periferia de São Paulo há números mais assustadores da época em que Maluf era governador, acima de 60 por cento das mulheres. A média brasileira é altíssima. Depois, você tem a questão das grandes cidades, das crianças abandonadas, é um processo de genocídio. E os dados oficiais da Unicef, que mostram que há muito tempo no Brasil morrem de fome 1.600 crianças por dia.


Caros Amigos - Morrem de fome?


Bautista Vidal - É claro que de doenças da desnutrição, mas a causa é a fome. Agora, veja a seguinte característica: o território brasileiro, em termos de produção agrícola, é no mínimo duas vezes maior do que qualquer outro território do planeta, por permitir várias safras. O Brasil tem 13 por cento do território ocupado pela agricultura e pecuária. Desses 13 por cento, saem 80 milhões de toneladas de grãos, produção média dos últimos anos. Cada tonelada de grão dá para alimentar entre quatro e cinco pessoas por ano. Vamos tomar quatro vezes oitenta: 320 milhões só com os grãos. Além disso, o país é o maior produtor mundial de mandioca - 27 por cento de proteína. É o maior produtor de açúcar do mundo - energia, caloria. É o segundo maior produtor de cacau do mundo. Ou seja, com 13 por cento do território, produz o suficiente para alimentar 600, 700, 800 milhões de pessoas. Podia alimentar 10 bilhões. Repare que somos apenas 150 milhões, usamos somente 13 por cento do território, o resto todo é cultivável, não temos deserto nem tufões, e com esse alimento todo temos 40 milhões submetidos ao genocídio da fome, matando 1.600 crianças por dia.


Caros Amigos - Daí As Bases para Salvar a Vida, que é o subtítulo do seu livro, quer dizer, para salvar a vida não só do Brasil, mas do mundo?


Baustista Vidal - Vamos centralizar na agricultura, porque é daí que sai a vida, sai o alimento, sai a energia. Não se pode falar em nada sem falar da agricultura antes. Ela está na base de economia, pelo alimento e, evidentemente, por atividade energética por excelência. É a biomassa. O que é a biomassa? Os hidratos de carbono. O que ergue a biomassa? É a fixação da energia solar. Mas o que comanda a estrutura brasileira é o poder financeiro do papel pintado. Este tem de se multiplicar. São os banqueiros, os fornecedores de patentes, os fornecedores de tudo, e eles ganham fortunas. O processo de destruição da agricultura, principalmente a de São Paulo, está em marcha acelerada, porque toda essa dinâmica de ganhar dinheiro está destruindo a terra fértil - para cada tonelada de grãos produzidos em São Paulo, perdem-se 10 toneladas de terra fértil.


Caros Amigos - Esgotando os solos...


Bautista Vidal - Como também pela irrigação, por exemplo, a agricultura da Califórnia - usaram a irrigação e salinizaram o solo, destruíram o solo.


Caros Amigos - Mas isso também não se daria com a cana-de-açúcar?


Bautista Vidal - Se dá com tudo, dentro dessa tese. Mas você pode usar processos biológicos altamente eficientes e voltar à resposta energética. O que vale é esse balanço energético e não o balanço financeiro do papel pintado que nada tem a ver com a natureza. Então, quando você pega essas pessoas que não têm terra, não têm experiência, não têm uma infra-estrutura criada, não têm jogo de poder nas decisões e joga lá sem mercado para vender, o que vai acontecer? A ruína deles. Essa reforma agrária que está aí com essa concepção é a ruína. No final do governo Geisel, sobrevoei de teco-teco, durante duas horas, uma região de Mato Grosso onde havia uma cooperativa de 2.000 sócios, uma extensão enorme de terras que foram distribuídas em lotes a uma grande quantidade de gaúchos. O Geisel queria favorecer os gaúchos. Dois ou três anos depois, voltamos a sobrevoar: 80 por cento dos lotes já estavam abandonados. Quer dizer, a questão não é distribuir a terra em regiões altamente ensolaradas, com água, com tudo - você tem de montar o contexto da demanda, dar salários para poder comprar, esse processo todo que fecha o circuito. No fundo, você não monta uma estrutura social adequada. Você quer resolver o problema com um dos itens, e deixa os outros e, submetido à violência dos banqueiros, dos juros altos, acaba com o pequeno agricultor.


Caros Amigos - O senhor ainda não falou da globalização.


Bautista Vidal - A globalização não tem nenhuma novidade. Ela é uma velha aspiração de todo governo, país ou grupo prepotente que existiu na história da humanidade.


Caros Amigos - Todos os impérios britânicos...


Bautista Vidal - Todos. A grande pretensão é ser o dono de tudo. Agora, isso entra em choque com um princípio já assentado nos povos civilizados, até mesmo no próprio campo da Justiça, que é não aplicar regras iguais para entes desiguais. Rui Barbosa já defendia essa tese. Você não pode aplicar regras iguais para seres desiguais, ou para estruturas ou instituições desiguais. Para ser justo, tem de aplicar regras desiguais. Tem de proteger o fraco, senão cai no clássico de colocar a raposa e o pintinho num galinheiro, dizendo: "Vocês são livres, podem competir". É dar condições de igualdade a coisas absolutamente desiguais, não vai sobrar uma galinha nem um galo, não é? (risos) Mas me deixem concluir essa questão da agricultura, que considero muito importante. A agricultura brasileira, com esse potencial fantástico, além do ponto de vista da alta produção de alimentos, pode colocar a energia nesse contexto, e imagine o valor estratégico que a terra passa a ter! A terra vai ser o grande responsável pelas duas peças essenciais: a energia que movimenta o mundo e o alimento que mantém a vida. Com essa terra toda que temos aqui, com o valor mundial da energia, o mercado é que permitirá você fixar essa gente na terra aos milhões . Vinte milhões você pode cogitar a curto prazo.


Caros Amigos - O senhor fala em seu livro que no ano 2000, que é amanhã, o Brasil terá 10 milhões de desempregados.


Bautista Vidal - É o processo de genocídio em marcha, e o genocídio começa pelo desemprego. O que os economistas chamam de "índice de produtividade" é a relação entre a produção e os trabalhadores intelectuais, tecnólogos que contribuem para essa produção. Então, como os economistas não têm imaginação, não conseguem aumentar a produção, querem aumentar a produtividade reduzindo as pessoas empregadas. Veja, eles apresentam aumento, modernização, e com o dinheiro do povo, para quê? Para desempregar - é uma dinâmica para desempregar. Isso não é índice de produtividade coisa nenhuma, é índice de genocídio.


Caros Amigos - Quais são os quatro níveis de corrupção do Brasil citados no livro?


Bautista Vidal - Bom, o nível mais baixo é o dos "anões do orçamento", essa unidade de corrupção é de 1 milhão de dólares. E no fundo segue certa estratégia, enfraqueceu o antigo PMDB, os seus líderes, pegando sujeitos realmente corruptos, esse é o primeiro nível. O segundo nível é o das privatizações. Você pega uma Usinimas, que é a segunda mais eficiente indústria siderúrgica do mundo, com patrimônio de 15 bilhões de dólares, com corpo próprio, e a entrega por um valor, segundo o procurador geral da República, num documento oficial, que não dá para comprar um Gol usado. Pega uma CSN, uma das grandes siderúrgicas do mundo e com um valor emblemático do Getúlio Vargas de criar uma industrialização brasileira, e patrimônio de uns 7,8 bilhões de dólares, e vende por 28 milhões de dólares, havendo 78 milhões de dólares em espécie no cofre e 200 milhões de dólares em produto no pátio. Pega o complexo petroquímico, vinculado à Petrobrás, que representou investimentos do Estado de 3,5 bilhões de dólares, e entrega pelo valor de 1.000 reais. Pega a Vale do Rio Doce, uma coisa incomensurável, um patrimônio para dentro de quinhentos anos, dezenas de gerações à frente, e entrega por um valor ridículo, que não dá para pagar um mês dos serviços da dívida interna. O terceiro nível de corrupção é o setor financeiro. Na época da inflação, um estudo feito por um técnico da Fundação Getúlio Vargas mostra que foram transferidos do setor produtivo e dos trabalhadores, no período de dez anos, 170 bilhões de dólares para o setor financeiro, 17 bilhões de dólares por ano transferidos a troco de absolutamente nada. Fruto de quê? De que o dinheiro na mão dos banqueiros se corrigia diariamente, e os salários, quando ocorria, era uma vez por mês, e os preços de quem produz também era uma luta para conseguir aumentar. Então é dinheiro transferido de quem produz e corrige por mês, a quem não produz e corrige por dia. Além disso, você tem a questão da taxa de câmbio, que é um negócio arbitrário, você manipula, e transfere fortunas para determinados indivíduos. Depois, você tem esse dinheiro que entra, tem de pagar juros enormes para que ele entre, e que passa a noite, ou passa uma semana, e vai embora, e você teve uma sangria violenta levada pelos especuladores externos, também da área financeira. São quantidades descomunais de dinheiro, centenas de bilhões de dólares. Houve aquela manipulação da derrubada do cruzado, provavelmente produzida pelos próprios agentes, em que desapareceram 5 bilhões de dólares em 24 horas, e levou à demissão do presidente do banco, que mora no Morumbi, num palácio. Quatro e meio bilhões de dólares foi o que custou montar o Complexo Petroquímico da Bahia, com cinqüenta indústrias... Por último, tem a maior corrupção de todas, a transferência dos grandes patrimônios estratégicos. Patrimônio genético, patrimônio mineral, aí não tem preço. São os quatro níveis de corrupção. Um é corrupção de ladrão de galinha e os outros três são institucionalizados.


Caros Amigos - O senhor diz que a fixação do real paritariamente com o dólar faria parte também de um projeto externo, desses que o senhor chama de operações com papel pintado, porque com isso se injetam dólares aqui de forma a manter o real estável, para destruir a exportação brasileira, seria isso?


Bautista Vidal - Essa questão é mais global. Primeiro, o Brasil deixou de ter um instrumento essencial para sobreviver, que é uma moeda própria. Se você não tem moeda própria, não pode estabelecer nenhuma política, nem de câmbio, nem de juros, nem de nada.


Caros Amigos - O real não é uma moeda própria?


Bautista Vidal - Não é. Na hora em que você estabelece uma relação fixa de câmbio - os argentinos fizeram isso via decreto, 1 peso é igual a 1 dólar. Aqui fizeram o mesmo por medida provisória. Não tenho moeda, você perdeu um instrumento essencial da soberania. Evidentemente, se esse dólar seguisse as regras da verdade, ele seria altamente inflacionário. Mas, como manipulam todos os instrumentos, eles conseguem transformar uma moeda que tem o maior déficit planetário, com tudo para ter a maior inflação do mundo, numa moeda não-inflacionária. Quer dizer, é uma manipulação terrível. Como a inflação, no fundo, existe ao nível mundial, ela é transferida para determinados setores ou - o que está acontecendo - para você poder usar o dólar como paridade porque eles permitem. É claro que é um péssimo negócio para nós, porque vamos ter de entregar os nossos patrimônios. O Plano Real é isso. Em nome de uma estabilização que está sendo aplicada e arruinando oitenta países, já devidamente estraçalhados, como o México. Na Iugoslávia deu no que deu. Esse negócio que enganou o povo, de moeda estável, é o mesmo em oitenta países. Estamos caminhando para a absoluta ruína, com esses 50 bilhões de déficit de contas correntes este ano, vamos para o espaço a qualquer momento, porque está evidenciado que uma parte ponderável das nossas reservas é dinheiro especulativo externo. A qualquer momento pode sair. Alguns anos atrás, na época do Sarney, por exemplo, chegamos a ter o terceiro maior superávit do mundo, depois da Alemanha e do Japão. Superávit na balança de importação e exportação. Este ano, o nosso déficit é gigantesco, passamos de um dos maiores superávits para um dos maiores déficits do mundo. E, evidentemente, se você não tem superávit, não pode pagar esse gigantesco serviço da dívida externa, vai pagar com o quê? Aí, o que eles fazem? Tomam dinheiro emprestado a juros altíssimos, dinheiro especulativo. Só que você dá a quem empresta esse dinheiro o poder de arrebentar o país - quando retirarem esse dinheiro, e podem fazer isso a qualquer momento. O Brasil está absolutamente na mão dos emprestadores de dinheiro externo. Agora, por que eles fizeram com o México e ainda não fizeram com o Brasil? Porque o México, depois da Arábia Saudita, teria as maiores reservas de petróleo do mundo, segundo o presidente da Union Oil, que me disse isso pessoalmente.

*** Quem é José Walter Bautista Vidal: 
Os cinco livros do professore físico Bautista Vidal que compõem um painel dos problemas brasileiros e suas soluções foram escritos entre 1986 e 1998. São eles: De Estado Servil a Nação SoberanaCivilização Solidária dos Trópicos (1987); Soberania e Dignidade, Raízes da Sobrevivência (1992); O Esfacelamento da Nação (1994); A Reconquista do Brasil (1997); Poder dos Trópicos (1998, em co-autoria com Gilberto Felisberto Vasconcellos). Os três primeiros foram publicados pela Editora Vozes, de Petrópolis, o quarto pela Editora Espaço e Tempo, do Rio de Janeiro, e o quinto pela Editora Casa Amarela, de São Paulo.


Fonteshttp://www.alfredo-braga.pro.br/discussoes/bautista.html
http://www.facebook.com/topic.php?uid=73285065266&topic=13080

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