terça-feira, 18 de janeiro de 2011

BBB - Big Babacas Brasileiros, o novo e lucrativo nicho da Rede Globo

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O programa BBB - que eu chamo de BIG BABACAS BRASILEIROS -, que entendo seja mais um anti-programa, pois que desmantela com os alicerces bases do bom senso profissional, do respeito aos telespectadores, da ética e da moral à sociedade e à família, e que em absoluto tem a haver com entretenimento e menos ainda com cultura ou informação. Muito pelo contrário, além de cobrar as incrições para candidatos e candidatas se inscreverem - só no BBB 9 a Globo arrecadou com inscrições mais de R$ 10 milhões, enquanto o prêmio para o ganhador era de R$ 1 milhão - a Rede Globo viu na ignorância e na crendice dos telespectadores, um singular nicho de faturamento que lhe proporciona, em média, R$ 10 milhões por semana. Ou seja, a cada votação para eliminar um ou uma concorrente. No final de uma mês o faturamento da Rede Globo, com as idiotas invencionices do senhor Pedro Bial (autor da biografia do nada menos que Roberto Marinho, escolhido a dedo pela recém falecida Lilly Marinho e pelos herdeiros da multinacional que detém o monopólio da informação no Brasil), que chama os participantes do BBB 10, de "heróis" (vejam só a que ponto se chega por dinheiro e para assegurar o emprego), chega à casa dos R$ 40 milhões.

Um parêntesis: Pedro Bial se presta a apresentar tal baixaria, poder-se-ia chamar de "programanografia", com um inacreditável esforço, animação e vibração o BBB para tão somente garantir o emprego, assim como garantiu a biografia do "jornalista" (???) Roberto Marinho e a publicação de seus livros. É a única explicação que serve de justificativa. E, repetindo, muitos ignaros telespectadores o tem como um ilustrado, um super letrado cidadão ... quem sabe, e não se surpreendam, se amanhã ou depois não estará ele de "fardão" tomando o chá das cinco na Academia Brasileira de Letras, fazendo companhia a outros ilustrados como José "Marimbondos de Fogo" Sarney e Cia. Ltda.

Ali, na pseuda e hermética casa (que de hermética não tem nada, pois até "script", que bem pode não ser escrito, mas orientado verbalmente, tem a ser seguido pelos participantes) acontece de tudo, menos o que deve ser o objetivo primeiro de uma emissora de televisão do porte e da influência de uma Rede Globo: cultura, informação com "verdade factual" e entretenimento sadio. Mas o que se assiste é a desestruturação dos princípios salutares da família e da sociedade, a banalização do relacionamento onde o sexo (ainda que não explícito) ocupa o primeiríssimo lugar e uma "coisa" (chamam de programa) sem enredo, sem história, sem conteúdo (no bom sentido), que passa um péssimo exemplo, fundamentalmente, às crianças e aos adolescentes em plena fase de formação da personalidade.

E o mais grave de tudo, além, ainda, de passar em horário dito nobre, quando toda a família está assistindo televisão, até por que a falta de opções e a violência não possibilitam outra alternativa, a forma como a "coisa" é apresentada acaba incutindo na cabeça de muita gente: adultos, jovens e crianças a expectativa de um dia poder participar para ganhar o prêmio, que agora passou a ser de R$ 1,5 milhões.

Há outras iniciativas que partem da Rede Globo e que ninguém, menos ainda os governantes e políticos, padres e pastores, cobram transparência: a realização, anual, da campanha "Criança Esperança", que a Globo afirma ser em parceria com a Unesco. Tudo bem, até que seja, mas há que dar explicações ao povo, aos telespectadores e especialmente aos que fazem as doações (?) qual o total arrecadado, onde e quando será investido, assim como o total do investimento em cada entidade auxiliada.

Mas não. Tudo feito em completo silêncio. Um silêncio que a muitos gera suspeitas, dado o fato de "Criança Esperança" não ser uma campanha, repito, com total transparência. Uma campanha que tenha uma comissão fiscalizadora, já que as doações vem do povo, em que seja revelado o valor total arrecadado, o valor destinado a cada entidade a ser assistida e as obras e benefícios ou resultados dos investimentos.

E não se tem notícias de que algum político ou governante ou a própria Receita Federal tenha se manifestado nesse sentido de tornar a campanha "Criança Esperança" realmente um movimento transparente e de cunho solidário, como é propagado. Espera-se que algum senador ou deputado federal, já que a televisão é uma concessão governamental, tome essa iniciativa e busque tornar o evento em uma ação distinta nitidamente. O povo, e até as empresas que com sacrifício fazem as doações - confesso que por pensar como aqui está colocado, jamais fui um doador - são merecedores de uma satisfação quanto ao resultado apurado, bem como o seu destino e efetivo investimento.

Luiz Fernando Veríssimo escreveu que com R$ 29.700.000,00 arrecadados em cada paredão semanal do BBB 10, dá prá construir 520 casas ou comprar 5.000 computadores. Segundo os meus cálculos dá prá construir no mínimo 600 casas populares ao custo de R$ 49.500,00 cada casa, diminuindo, assim, a grande necessidade com relação a falta de casas populares no Brasil, ou cerca de 19.800 computadores, ao preço calculado de R$ 1.500,00 cada unidade, para disponibiliar aos alunos das escolas públicas. No final de um mês se teria construído 2.400 casas ou adquiridos 79.200 computadores. Seriam milhares de escolas públicas que estariam equipadas com a informatização e possibilitando o acesso à ultima geração tecnológica e ao conhecimento, via informação, a centena de milhares de alunos.

Ou continuaremos a conviver com a suspeição do interesse dos governantes em solucuionar os problemas sociais no Brasil e também com a sombra da dúvida e da incerteza do que é arrecadado com o "Criança Esperança".
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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Crônica de Luiz Fernando Veríssimo sobre o BBB

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Reproduzo a "crônica de Luiz Fernando Veríssimo sobre o BBB", conforme e-mail recebido de um amigo médico em 17/01/2011.

PARA MEDITAR UM POUCO ... ou muito o que representa esse programa de baixo nível artístico, cultural, de entretenimento, cujo mais serve para massificar, manipular e alienar os telespectadores e, no fundo, faturar milhões em cada etapa do programa em que os integrantes do BBB serão excluídos da casa. Cada ligação é paga e são milhões, cerca de 29 a 30 milhões de ligações que são feitas por telespectadores, que pagam um valor de cerca de R$ 0,35 por ligação, pensando que são eles - os telespectadores - que realmente decidem que sai ou fica no programa. 

Desde antes de iniciar mais um dos seriais BBB já está tudo planejado, assim como está tudo no "script" o papel que cada participante deverá desempenhar no desenrolar do programa, que tem mais baixaria do que entretenimento.

Pois leiam a crônica que escreveu Luiz Fernando Veríssimo, que já trabalhou ou ainda trabalha para a Rede Globo.

"A Vergonha?

Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço. A décima (está indo longe) edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência.

Dizem que Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB 10 é a pura e suprema banalização do sexo. Impossível assistir ver este programa ao lado dos filhos... Gays, lésbicas, heteros... todos na mesma casa, a casa dos ?heróis?, como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterosexuais. O BBB 10 é a realidade em busca do IBOPE.

Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB 10. Ele prometeu um ?zoológico humano divertido?. Não sei se será divertido, mas parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas.

Se entendi corretamente as apresentações, são 15 os ?animais? do ?zoológico?: o judeu tarado, o gay afeminado, a dentista gostosa, o negro com suingue, a nerd tímida, a gostosa com bundão, a ?não sou piranha mas não sou santa?, o modelo Mr. Maringá, a lésbica convicta, a DJ intelectual, o carioca marrento, o maquiador drag-queen e a PM que gosta de apanhar (essa é para acabar!!!).

Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível.

Em um e-mail que recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo. Eu gostaria de perguntar se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade.

Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis? São esses nossos exemplos de heróis?
Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros, profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores), carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor e quase sempre são mal remunerados...

Heróis são milhares de brasileiros que sequer tem um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir, e conseguem sobreviver a isso todo santo dia.

Heróis são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna.

Heróis são inúmeras pessoas, entidades sociais e beneficentes, ONGs, voluntários, igrejas e hospitais que se dedicam ao cuidado de carentes, doentes e necessitados (vamos lembrar de nossa eterna heroína Zilda Arns).

Heróis são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada meses atrás pela própria Rede Globo.

O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral. São apenas pessoas que se prestam a comer, beber, tomar sol, fofocar, dormir e agir estupidamente para que, ao final do programa, o ?escolhido? receba um milhão e meio de reais. E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a "entender o comportamento humano". Ah, tenha dó!!!

Veja o que está por de tra$$$$$$$$$$$$$$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão.

Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social, moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros?

(Poderia ser feito mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores!).

Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores.

Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ir ao cinema...,estudar... , ouvir boa música..., cuidar das flores e jardins... ,telefonar para um amigo... , visitar os avós... , pescar..., brincar com as crianças... , namorar... ou simplesmente dormir. Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construída nossa sociedade.
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