sábado, 12 de maio de 2007

A Igreja, a Emoção Litúrgica e Suas Pregações Contraditórias


Os brasileiros tiveram a graça de assistirem uma das cerimônias litúrgicas mais emocionantes com a celebração da missa de canonização de Santo Antônio de Sant´anna Galvão, o Freio Galvão, no Campo de Marte, em São Paulo, com a presença de cerca de 1,2 milhões de fiéis. Um verdadeiro showbusiness, com direito a transmissão ao vivo pelas emissoras de TV (leia-se Globo e Band) e todo o sensacionalismo que foi possível.
A indiscritível liturgia da celebração da missa em honra a Frei Galvão, presidida pelo Papa Bento XVI, que, como espetáculo merece destaque, além de uma cativante cerimônia, revelou-se, também, numa inoportuna ostentação de luxo, riqueza, pedantismo e soberba. Cristo, quando na terra, jamais ensinou e muito menos se apresentou com tal e imaginária ostentação e soberba. Aí um contraditório do que é milenar e sistematicamente pregado pela Igreja.
Frei Galvão, por certo, como será reverenciado pelos fiéis, é o primeiro santo genuinamente brasileiro. E que seu exemplo, segundo quem lhe crê, sirva de modelo aos grandes pecadores “lesa pátria”, que abundam pelos faustos palácios, salões e mansões desse Brasil em que mais da metade do povo sobrevive ou “vejeta falsamente”, como canta Juca Chaves em "Tô Duro", entre a pobreza, a miséria e a famelidade. Assim como abundam na faustosidade do balinônico Vaticano.
E nesse sentido a Igreja Católica Apostólica Romana, centrada com sua cúpula no faustoso estado do Vaticano, na Itália, tem, não só o dever, mas a obrigação de rever muitos dos seus métodos e contestar as próprias políticas e dos países, discriminadamente chamados de G-8, que cada vez mais escravizam o crédulo, trabalhador e honrado povo brasileiro.
O momento, é a visão e o sentimento de indignação, exige que se faça uma reflexão sobre a forma espúria, oportunista e exploratória empregada pelas igrejas, indistintamente, quanto a ganaciosa e mercenária cobrança, quase que compulsória, do “dízimo”. Isso, conforme revelou uma amiga, sem falar que cobram para subir as escadas no Vaticano e para pegar o elevador que dá acesso ao ponto mais alto da Basílica de São Pedro, o preço é dobrado. Afora, evidentemente, as ditas bentas medalhinhas, santinhos e outros “souvenirs” que fazem tilintar o caixa da Cúria Romana..
Hoje, mais acentuadamente, a fé em Deus é “vendida” explicitamente. Deus e Cristo viraram produtos banalizados e altamente rentáveis a todos os impostores da fé. “Passa a socolinha”, como ironizava Chico Anísio com seu personagem batizado de “bispo”, ou como denuncia Zé Geraldo na canção “Ou Dá ou Desce”.
Nessa vinda do Papa Bento XVI ao Brasil, de apenas cinco dias, anunciou-se (ainda extraoficialmente) um gasto de nada menos do que R$ 20 milhões, sem considerar a garrafa do vinho papal a R$ 350,00 cada; o cálice banhado de ouro, prata e bronze que custou a bagatela de RR 3.500,00, as 600 êmbulas de latão banhado a ouro, com 10 cm de altura, doadas a padres; os US$ 100 mil feitos doação à Fazenda da Esperança, em Guaratinguetá, e uma gama mais de abusos de ostentação que, segundo a própria Igreja Católica Apostólica Romana, pela luxúria e fausteza, se inserem na conta de “pecado capital”. Ou tal só tem efeito para os incautos e ignorantes fiéis?
As igrejas e seus compulsórios “dízimos” são tema que merecem que o Congresso Nacional e o Governo se debruce no sentido de rever e reavaliar a legalidade de tal exploração e compulsoriedade, posto que sobre os mesmos sequer há qualquer forma de controle, fiscalização e tributação. Ainda mais que é notório a forma como o compulsório “dízimo” vem sendo empregado pelas mais diferentes igrejas, num viés inadimissível aos apregoados propósitos, tendo como resultante o hiper enriquecimento da cúpula das diferentes das igrejas, estas libertas de qualquer processo legal, repito, de controle, fiscalização ou tributação.
A mídia, por sua vez, se faz cúmplice, posto que sensacionaliza tais eventos com transmissões diárias à exaustão e a cada passo dado por Bento XVI, quando não enchem os espaços durante as 24 horas com abobrinhas sem qualquer propósito informativo ou jornalístico, a não de alienar massificando. Mas não podemos esquecer que o Vaticano, ainda que seu banco tenha entrado em falência (ou seria uma estratégia para capitalizar mais doações de parte dos fiéis) devido às más gestões das cúpulas da Igreja, é reconhecido mundialmente como a maior e mais poderosa multinacional do mundo. Aí, para quem desconhece, reside o grande “carisma” que a Igreja, o Papa, cardeais, arcebispos, bispos e padres têm. Um poder, como todos os demais, conquistado a peso de dinheiro, muito dinheiro, desde antes das "cruzadas".
Finalizando, e considerando o quanto arrecadam as igrejas, todas, perde não só os ingênuos e crédutlos fiéis pelo engodo e pela incastidade, mas o próprio Governo, que deixa de arrecadar expressivos valores por não tributável o “dízimo” arrecadado pelas igrejas, muito mais expressivo do que é arrecadado via injusta e espúria CPMF.
Ficam, assim, as sugestões à Igreja Católica e aos políticos de verdadeira fé e lídimo e puro sentimento pátrio.

A Imprensa Cega, Muda e Surda

Apesar da boa intenção e do sentido de envolver, democraticamente, a população na escolha do Patrono da 23ª Feira do Livro de Canoas, esboçado pelo Departamento de Cultura da SMEC, o sistema deixou a desejar, posto que permitiu aos internautas votarem tantas vezes quantas desejassem, fosse em apenas um ou mais patronáveis.

Assim, o resultado apurado e oficializado via site da Prefeitura Municipal, nos mostra que cerca de 10% da população canoense participou do processo de votação, sendo apurado um número de votos tão expressivos que causa inveja até mesmo aos candidatos que concorreram a deputado estadual na última eleição.

Ou a divulgação da campanha pró eleição do patrono - e aqui a ressalva de que em absoluto estamos nos inserindo contra o patronável eleito, pessoa que conhecemos como absolutamente idônea, professor, escritor e procurador de Justiça de alto nível ético e profissional, e que nos anos 60, então no extinto Colégio Comercial de Canoas, foi nosso professor de português, com irreprimível competência - deflagrada pelo Departamento de Cultura, via site da Prefeitura Municipal de Canoas, teve repercussão além do nosso conhecimento ou, no comparativo, os candidatos de Canoas à deputação estadual não tiveram a mesma competência para sufragar tão expressiva votação nas urnas.

Pois, é surpreendente o que foi divulgado como votação para patrono da Feira do Livro, 32.988 votos, visto que tal representa cerca de 10% da população de Canoas, que, segundo o censo do IBGE de 2006, é de 333 mil habitantes, feito, portanto, invejável, ainda mais em processo via internet, não fosse, obviamente, o sistema permitir que se pudesse votar tantas vezes quanto desejadas, tanto em um único patronável ou em diversos. E tal, eu próprio pude constatar e comprovar, quando na primeira vez votei seis vezes em dois candidatos diferentes. Não convencido, retornei para confirmar e assim votei mais 15 vezes num único candidato. E o sistema aceitou e registrou todos os 21 votos. Aí a questão: Há 33 mil canoenses com acesso à internet?

Dias antes a votação já havia sido suspensa, como alertava o próprio site da Prefeitura Municipal, por registrar mais de um milhão de votos. Fato também registrado pelo jornalista Túlio Moreira, em sua coluna "Contraponto" no jornal virtual Correio de Notícias.

Porém, mesmo diante do envio de e-mails, revelando a constatação de tão expressiva votação, nenhum jornal da imprensa tupiniquim citadina, fez qualquer menção ao fato e sequer procurou averiguar a factualidade do feito. Omissa, a imprensa fez-se de cega, muda e surda. Um estranho silêncio completo, o que nos leva a concluir que há uma certa cumplicidade por deixar de manifestar-se quando deveria fazê-lo, se esse é o seu papel. É como diz o ditado: "Quem cala, consente".

De resto, é lamentável.

Resta, pois, torcer para que na 24ª Feira do Livro de Canoas tal não se repita, para a boa credibilidade do precosso eletivo, o que tornará o resultado mais insuspeito e transparente.