terça-feira, 30 de outubro de 2007

Osvaldo Alvarez e o resgate da imprensa


Há dias que somos surpreendidos com fatos e feitos que nos fazem ver e sentir que vale a pena viver. E viver com intensidade e plenitude um tempo que passou - prá mim depressa demais. Recebi hoje do amigo e desembargador Osvaldo Moacir Alvarez um farto material que, por certo, enriquecerá ainda mais o livro A Imprensa de Papel (ainda no prelo), que para mim, até aqui, já estava concluído. É um livro, com material único, que aborda com boa propriedade a cronologia da imprensa canoense. O livro que, a exemplo do filme foográfico, registra o lado positio e o negativo. São registros, por momentos, narrados com visão otimista e por outro, com uma incontida crítica. Um trabalho iniciado pelo cineasta Antônio Jesus Pfeil, e que me repassou a responsabilidade de concluir e publicar.
Nesse trabalho, além da cronologia histórica, que inicia em 1909 com o registro do primeiro jornal que circulou em Canoas, "O Canoeiro", manuscrito, editado por Frederico Guilherme Ludwig e que circulava no "trem de ferro" ou Maria Fumaça, entre Canoas e Porto Alegre. No livro são resgatados também temas como todos os cronistas sociais que passaram pelos 84 jornais que Canoas tem e teve, cujo pioneiro foi Léo Medina Martins, em 1955, seguido do amigo e desembargador Osvaldo Moacir Alvarez. Ambos exerceram a crônica social na imprensa e no rádio com rara competência. Mais a quase totalidade, pelo menos os principais e mais atuantes, profissionais fotógrafos. E análises incentivadoras e pontiagudas.

Osvaldo Alvarez, que no intermeio da carreira profissional foi vereador, advogado e juiz federal, me agraciou com umas preciosidades de fotos, uma calhamaço de cópias dos originais da sua coluna, que era publicada no espaço "Zona Norte, Zona Sul", na hoje extinta Folha da Tarde. E, além disso tudo, uma entrevista sui generis, a qual respondeu por escrito, onde revela fatos que poucos cronistas sociais ou jornalistas tem coragem de fazer ou dizer: a relação das mulheres mais elegantes, outras de sucesso, as mais simpáticas, clubes de melhores realizações sociais, etc., assim como detalhes sobre o baile de escolha da primeira Glamour-Girl de Canoas, feito que teve a organização do ex-militar Anísio Lopes Ribeiro de Menezes, então diretor social da Associação Cultural Vasco da Gama.

Alvarez, na entrevista, foi além. Apontou, com sapiência e justeza, o Léo Medina Martins como o cronista social que mais o impressionou. E, por bondade e generosidade, teceu loas ao meu trabalho como cronista social e assim massageou meu ego. Cai das nuvens ao ler no final: "Xico Júnior! Em realidade, sem qualquer puxa-saquismo, ocupas um lugar de destaque na vida social canoense, porque, sem dúvida alguma, és o maior e o melhor cronista social da cidade em todos os tempos. Teu conceito ultrapassou em muito nossas fronteiras. Tu sempre serás o ponto de destaque em toda e qualquer pesquisa a ser feita em nossa cidade. É como digo: só há um Xico Júnior! Todos já tentaram imitá-lo. Nenhum obteve êxito".

Caro amigo Alvarez, levo em consideração e aceito tuas massageadoras referências à minha pessoa, primeiramente por ter acompanhado muito da tua carreira profissional e saber do ilibado comportamento e da sinceridade que sempre pautou as tuas atitudes, tanto na Câmara de Vereadores como no exercício do direito. E, em segundo lugar, porque nossa amizade tem raizes num tempo que, dada a realidade de hoje, nos enche de saudades e nostalgia, mas que, com a melhor coinsciência, era um tempo de lealdade, de franqueza e de uma solidária cordialidade. Um tempo em que se podia desfrutar de pessoas e amigos, como você meu caro Alvarez, cuja educação, respeito e senso humanitário os tornavam verdadeiros gentlemen.

Reprisando um autor que desconheço, a recíproca é verdadeira!
* Clique sobre as fotos para ampliá-las.

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