quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Blindagem aos Juízes? STF poderá transformar o CNJ e o CNMP em meros orgnanismos decorativos


Procuradora Regional da República, Janice Ascari denuncia, em tempo hábil, que CNJ e CNMP poderão ser transformados em "órgãos decorativos".

Em entrevista exclusiva ao iG, a procuradora regional da República Janice Ascari, uma das mais ativas integrantes do Ministério Público Federal, disse que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), principais ferramentas para o controle externo do poder Judiciário, correm o risco de se tornarem órgãos meramente decorativos. “O CNJ perderia a razão de existir. Os conselhos têm apenas seis anos de existência. Só agora começamos a perceber o resultados. Seria um retrocesso”, disse ela.

O risco está na ação movida pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) que pede a limitação de poderes do CNJ. O caso será julgado nos próximos dias pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Segundo a procuradora, caso o STJ acate a ação da AMB, a decisão pode ser usada também em relação ao CNMP. “Dada a isonomia entre a magistratura e o Ministério Público, qualquer decisão vai acabar sendo invocada como precedente e afetar o CNMP”, disse ela.
Ao iG, a procuradora disse ainda que alguns tribunais de Justiça, como o de São Paulo, sempre foram refratários à fiscalização do CNJ e que ministros do Supremo Tribunal Federal que, em último caso julgarão a legalidade ou não das ações do CNJ, deveriam evitar comentar o caso e guardar suas opiniões para as sentenças.

Nota do blogueiro: Se se confirmar a ação movida pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) pelo Superior Tribunal de Justiça (STF), o Brasil e os brasileiros estarão órfãos de Justiça. Será a decisão do STF mais clara de que "há bandidos de toga" no judiciário, como disse a Ministra Eliana Calmon. Diante de tal quadro negro, cujas perspectivas são as mais pessimistas, rebusco artigo de Victor Nunes Leal para mostrar a real realidade que se esconde por detrás das blindagens que servem de cortina de proteção a quem deveria dar o melhor exemplo de transparência, lisura, lealdade ao seus juramentos e de justiça aos brasileiros.
Leiam o artigo:

A Justiça é cega?

Victor Nunes Leal, em seu clássico trabalho “Coronelismo, enxada e voto”, faz uma belíssima análise da tradição mandonista e coronelista da política nacional. Ao longo do livro, ele traz exemplos de como tal estrutura sócio-política se dá no cotidiano e como as pessoas comuns lidam e respondem a ela. Já era famosa a sabedoria popular que ele consagrou: “aos amigos, pão; aos inimigos, pau”. Mas descobri no seu trabalho, outra sentença ainda mais profunda e explicativa da desgraça nacional:
Aos amigos, Justiça; aos inimigos, Lei.
Essa diferenciação entre Justiça (auxílio, liberdade) e Lei (repressão, regulação, violência) é a mais clara face da Injustiça e Desigualdade que assolam o país. É como costumo dizer: a Justiça é cega, mas lê em braile. Assim, sabe reconhecer muito bem aqueles que devem ser acolhidos e aqueles que devem ser enxotados como bestas. Obviamente, as bestas tem nome: pobres e/ou negros e, às vezes, até membros da classe média. Assim, a fórmula política de sucesso poderia ser ainda mais clara:
Tem dinheiro? Justiça! Não tem? Lei!
Isso explica desde o Cansei até a ausência das políticas públicas e sociais do Estado em regiões de baixa renda, onde, de quando em vez, aparece o Caveirão. 

*** Assista a entrevista da Procuradora Regional da República, Janice Ascari. 

Mais sobre a crise no Judiciário:


Fonte: Portal IG - Último Segundo - Política, em 06/10/2011, ás 7:00 h.
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