segunda-feira, 5 de abril de 2010

Roraima, o Brasil Que Não É dos Brasileiros

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Reproduzimos abaixo o relato de uma pessoa responsável e séria, que passou recentemente em um concurso público federal e foi trabalhar em Roraima. Trata-se de um Brasil que a gente não conhece e sequer imagina o que possa estar acontecendo por aquele Brasil. É simplesmente inacreditável ... e inaceitável, que o Governo brasileiro, autoridades do Ministério Público Federal, Polícia Federal e Exército não tenham o menor conhecimento.

DEPOIMENTO DE UMA BRASILEIRA


"As duas semanas em Manaus foram interessantes para conhecer um Brasil um pouco diferente, mas chegando em Boa Vista (RR) não pude resistir a fazer um relato das coisas que tenho visto e escutado por aqui. Conversei com algumas pessoas nesses três dias, desde engenheiros até pessoas com um mínimo de instrução. Para começar o mais difícil de encontrar por aqui é roraimense, pra falar a verdade, acho que a proporção é de um roraimense para cada 10 pessoas é bem razoável, tem gaúcho, carioca, cearense, amazonense, piauiense, maranhense e por aí vai. Portanto falta uma identidade com a terra.


Aqui não existem muitos meios de sobrevivência. Ou a pessoa é funcionária pública, e aqui quase todo mundo é, pois em Boa Vista se concentram todos os órgãos federais e estaduais de Roraima, além da prefeitura é claro ... Se não for funcionário público a pessoa trabalha no comércio local ou recebe ajuda de Programas do Governo.  Não existe indústria de qualquer tipo.


Pouco mais de 70% do território roraimense é demarcado como reserva indígena, portanto restam apenas 30%, descontando- se os rios e as terras improdutivas que são muitas, para se cultivar a terra ou para a localização das próprias cidades.
Na única rodovia que existe em direção ao Brasil (liga Boa Vista a Manaus, cerca de 800 km ) existe um trecho de aproximadamente 200 km reserva indígena Waimiri Atroari, por onde você só passa entre 6:00 da manhã e 18:00 da tarde, nas outras 12 horas a rodovia é fechada pelos índios (com autorização da FUNAI e dos americanos) para que os mesmos não sejam incomodados.


Detalhe: Você não passa se for brasileiro, o acesso é livre aos americanos, europeus e japoneses. Desses 70% de território indígena, diria que em 90% dele ninguém entra sem passar por uma grande burocracia e a autorização da FUNAI. Importante: Americanos entram na hora que quiserem, se você não tem uma autorização da FUNAI, mas tem dos americanos então você pode entrar. A maioria dos índios fala a língua nativa, além do inglês ou francês, mas a maioria não sabe falar português. Dizem que é comum na entrada de algumas reservas encontrarem-se hasteadas bandeiras americanas ou inglesas. É comum se encontrar por aqui americano tipo nerds com cara de quem não quer nada, que veio caçar borboleta e joaninha e catalogá-las, mas no final das contas pasmem, se você quiser montar um empresa para exportar plantas e frutas típicas como cupuaçu, açaí camu-camu etc., medicinais ou componentes naturais para fabricação de remédios, pode se preparar para pagar "royalties" para empresas japonesas e americanas que já patentearam a maioria dos produtos típicos da Amazônia ...


Por três vezes, conta o concursado-viajante, repeti a seguinte frase após ouvir tais relatos: E os americanos vão acabar tomando a Amazônia e em todas elas ouvi a mesma resposta em palavras diferentes. Vou reproduzir a resposta de uma senhora simples, que vendia suco e água na rodovia próximo de Mucajaí:
 'Irão não minha filha, tu não sabe, mas tudo aqui já é deles, eles comandam tudo, você não entra em lugar nenhum porque eles não deixam. Quando acabar essa guerra aí eles virão pra cá, e vão fazer o que fizeram no Iraque quando determinaram uma faixa para os curdos onde iraquiano não entra, aqui vai ser a mesma coisa'.


A dona é bem informada não? O pior é que, segundo a ONU, o conceito de nação é um conceito de soberania e as áreas demarcadas têm o nome de nação indígena. O que pode levar os americanos a alegarem que estarão libertando os povos indígenas. 


Fiquei sabendo, ainda, que os americanos já estão construindo uma grande base militar na Colômbia, bem próximo da fronteira com o Brasil, numa parceria com o governo colombiano com o pseudo objetivos de combater o narcotráfico. Por falar em narcotráfico, aqui é rota de distribuição, pois essa mãe chamada Brasil mantém suas fronteiras abertas e aqui tem estrada para as Guianas e Venezuela. Nenhuma bagagem de estrangeiro é fiscalizada, principalmente se for americano, europeu ou japonês, (isso pode causar um incidente diplomático) ... Dizem que tem muito colombiano traficante virando venezuelano, pois na Venezuela é muito fácil comprar a cidadania venezuelana por cerca de 200 dólares.


Pergunto inocentemente às pessoas: porque os americanos querem tanto proteger os índios? A resposta é absolutamente a mesma: porque as terras indígenas, além das riquezas animais e vegetais, da abundância de água, são extremamente ricas em ouro. Aqui encontram-se pepitas que chegam a ser pesadas em quilos, diamante, outras pedras preciosas, minério e nas reservas norte de Roraima e Amazonas, ricas em Petróleo.


Parece que as pessoas contam essas coisas como que num grito de socorro a alguém que é do Sul, como se eu pudesse dizer isso ao Presidente ou a alguma autoridade do Sul que vá fazer alguma coisa. É pessoal,... saio daqui com a quase certeza de que em breve o Brasil irá diminuir de tamanho.
Será que podemos fazer alguma coisa? Ainda acho que sim!"


Do blogueiroOs Waimiri Atroari, durante muito tempo, estiveram presentes no imaginário do povo brasileiro como um povo guerreiro, que enfrentava e matava a todos que tentavam entrar em seu território. Essa imagem contribuiu para que autoridades governamentais transferissem a incumbência das obras da rodovia BR 174 (Manaus - Boa Vista) ao Exército Brasileiro, que utilizou de forças militares repressivas para conter os indígenas. Esse enfrentamento culminou na quase extinção do povo kinja (autodenominação waimiri atroari). A interferência em suas terras ainda foi agravada devido a instalação de uma empresa mineradora e o alagamento de parte de seu território pela construção de uma hidrelétrica. Mas os Waimiri Atroari enfrentaram a situação, negociaram com os brancos e hoje têm assegurados os limites de sua terra, o vigor de sua cultura e o crescimento de sua gente.

Em dezembro de 2003, conforme a Agência Brasil, os Waimiri Atroari, povo indígena que vive entre o norte do Amazonas e o sul de Roraima, estavam em festa. Eles comemoravam o nascimento do milésimo índio da etnia. Todos os moradores da reserva dos Waimiri Atroari compareceram à aldeia Iawara para participar do Maryba (pronuncia-se “marubá”), um ritual onde os índios cantam e dançam durante três dias.
O milésimo Kinja (pronuncia-se “kinhá”), como os Waimiri Atroari se denominam, nasceu em setembro. O menino Iawyraky, filho de Anapidene e Ketamy, foi visto como um marco na recuperação dos Waimiri Atroari. “Agora, estou feliz porque nossa população tem um milésimo. Por isso, estamos todos em festa”, comemorou Wame, um dos líderes da aldeia Iawara.

São uma etnia do tronco lingüístico Karib, cujo território imemorial de ocupação se localiza nas atuais Regiões Sul do Estado de Roraima e Norte do Amazonas. Eram mais conhecidos como Crichanás, quando segmentos expansionistas da sociedade envolvente brasileira travaram seus primeiros contatos com eles, sobretudo a partir do Século XIX. Nos primórdios desses contatos, houve duas estimativas de sua população: uma que os dava como sendo seis mil pessoas, e a outra, em torno de duas mil.
Suas terras eram pródigas em produtos de grande importância comercial para a época, atraindo assim a cobiça de colonizadores pioneiros que subiram pelos rios Negro, Branco e Jauaperi. Os contatos iniciais ocorreram nas atuais cidades de Moura e Airão, de forma quase sempre belicosa, com o apoio inclusive de forças militares coloniais.
Aldeias inteiras foram dizimadas por expedições militares ou por matadores profissionais, porque sua população era tida como empecilho à livre exploração das riquezas naturais existentes nas terras que ocupavam.


O relator da história acima pede que se repasse essa informação para que um maior número de brasileiros fique sabendo desses absurdos.


*** Fonte: Mara Sílvia Alexandre Costa - Depto de Biologia Cel. Mol. Bioag.Patog. FMRP - USP
*** Contatos via e-mail: la-stampa@ig.com.br
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