sexta-feira, 15 de julho de 2011

1941- Surge o Repórter Esso: A testemunha ocular da História.

A peça publicitária anunciando o dia da primeira audição do "Repórter Esso", que estreiava na Rádio Farroupilha, de Porto Alegre-RS, como está registrado e documentado no anúncio acima.

1941 – Entra no ar o primeiro e mais importante programa de notícias do rádio brasileiro, o "Repórter Esso". Patrocinado pela empresa americana Standard Oil Company of Brazil (Esso), era o mais importante noticioso do rádio e foi idealizado pela agência McCann-Erickson Publicidade, que detinha a conta publicitária da Esso.
A grande credibilidade conseguida pelo programa deve muito à locução de Heron Domingues, escolhido entre centenas de candidatos para dar voz ao "Repórter Esso" na Rádio Nacional do Rio de Janeiro.

Mas o famoso e modelar noticioso radiofônico "Repórter Esso" teve seu início em 1941, no Rio Grande do Sul, através de uma iniciativa da Rádio Farroupilha, em fase experimental, então pertencente a Rede dos Diários Associados, cujo presidente era Assis Chauteaubriand, e teve como seu primeiro locutor o radialista Ruy Figueira, que na década de 60, como proprietário, inaugurou a Rádio Clube Canoas. Foi exatamente Ruy Figueira quem criou o estilo que passou a ser imitado em todo o país, inclusive por Heron Domingues, Luiz Jotabá e Gontijo Teodoro, estes os mais renomados, entre outros.
* O "Repórter Esso" ganhou sua versão televisiva em 10 de abril de 1952 na TV Tupi, sendo apresentado no Rio de Janeiro, inicialmente, por Luís Jatobá e, posteriormente, por  Gontijo Teodoro, que ficou até o final do programa em 31 de dezembro de 1970, inicialmente com o título de "O Seu Repórter Esso".
No rádio, cujo início foi em 28 de agosto de 1941, durante a "II Grande Guerra Mundial", a última transmissão do antológico "Repórter Esso" foi em 31 de dezembro de 1968 com Heron Domingues narrando a abertura (vinheta que dava a marca ao tradicional noticioso), e Gontijo Teodoro fazendo a locução e despedindo-se dos ouvintes, bastante emocionado.
O programa, na Rádio Nacional, era produzido no escritório de uma agência estrangeira de publicidade e propaganda, sediada no Rio de Janeiro, a partir de informações distribuídas pela agência internacional de notícias UPI (United Press International), comandada desde os Estados Unidos.


Nota do autor: É importante observar que já nos anos 40 as notícias, enviadas via UPI e pelo Teletipo (aparelho telegráfico que enviava diretamente um texto, por meio de um teclado datilográfico, registrando a mensagem sob a forma de caracteres de impressão), passavam por um filtro (uma espécie de peneira ou de censura), e somente eram repassadas as notícias que tinham o interesse dos norte-americanos, como acontece ainda hoje, só que com maior insistência e manipulação.
Tanto no rádio como na TV, o "Repórter Esso", que passou a ser produzido e apresentado no Rio Grande do Sul (pioneiro, ainda que em fase experimental), depois no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e outros estados, tinha produção independente nas emissoras de cada cidade que o tinham adotado somente nos fatos locais, enquanto que as notícias internacionais eram enviadas pela UPI. Todos os noticiosos com a marca "Repórter Esso", tinham a apresentação de locutores locais, e cada qual com  um locutor cujo timbre de voz assemelhava-se a do pioneiro Ruy Figueira. E, assim, o lendário programa ficou conhecido também pela pontualidade e credibilidade junto ao público.


Muitos foram os locutores, nas diferentes emissoras de rádio, que fizeram a locução do lendário "Repórter Esso", como Ruy Figueira (estreou oficialmente às 13:30 horas do dia 16/07/1942 - uma 5ª feira - e permaneceu até 1949, afastando-se para atender a sua agência Ruy Figueira Publicidade, que chegou a ter 120 clientes) e Lauro Hagemann, no Rio Grande do Sul; Heron Domingues, Luiz Jatobá, Roberto Figueiredo e Gontijo Teodoro, no Rio e São Paulo; Edson de Almeida em Pernambuco, entre outros mais.
Seus slogans eram famosos: "Repórter Esso, a testemunha ocular da história" e “Repórter Esso, o primeiro a dar as últimas”, tanto no rádio como na TV. O noticioso "Repórter Esso" é considerado o precursor do radiojornalismo e do telejornalismo brasileiro.


Se atentarem, ao ouvir a gravação da última audição do "Repórter Esso", apresentado pelo radialista Gontijo Teodoro, transmitido pela Rádio Globo, vão perceber a perturbação sensitiva do locutor que, na citação dos principais fatos divulgados ao longo dos 27 anos do programa no ar, já mostrava a voz embargada pela emoção. Assim, os fatos de 1960 a 1963 a voz é de um outro locutor que o substitui momentaneamente, dada a sua forte emoção. Logo Gontijo Teodoro se recompõe, mas volta a demonstrar a sensibilidade e o envolvimento emocional da despedida do tradicional noticioso e encerra o "Repórter Esso" completamente emocionado e sob lágrimas.

Última audição do "Repórter Esso" no rádio em 31/12/1968. Locutor: Gontijo Teodoro
                       

                               

                               

                               

                               

                               

                               

                           

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