terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

A questão da criminalidade

A cada ato ou feito de perversa magnitude ou barbárie, como o caso do menino João arrastado por cerca de sete quilômetros ou o serial de incêndios em São Paulo, as tomadas de medidas para as soluções passam a florecer alimentando a expectativa de que a partir daí se terá atitudes, revisão do Código Penal com leis mais severas, que extirpem de vez as decisões de impunidade e reformulações pertinentes ao compotamento dos cidadãos, que tais atos ou feitos não mais se repetirão. E assim, se arrastam e se perdem em vãs discussões, debates, cansativas e repetitivas reuniões, troca e desencotros de opiniões. Há uma indolência e um desinteresse tão óbvio de parte das elites (e aí inclue-se os ditos "organismos vivos", que se dizem repreentantes dos mais diferentes segmentos e setores da sociedade produtiva; a OAB, o Judiciário, o Congresso e o próprio governo), que é em vão se alimentar expecatativas quanto às soluções.

A mídia, o governo, os políticos, a elite e a sociedade não se entendem. Não se enquadram nos mesmos propósitos. Cada qual inventa um pretexto e acaba puxando para o seu lado as formas de erradicar a violência e a criminalidade, quando na realidade a raiz desse mal está enrraigada no seio dessa mesma elite protelante. E tudo acaba se esvaindo na futilidade dos debates e das discussões, enquanto o crime, mais ágil e mais desesperado à busca dos seus propósitos, se mostra distanciadamente competente.

Se não buscarmos a solução pelos caminhos da educação (ensino), do emprego com salários que possibilitem um mínimo de dignidade aos cidadãos, de uma legislação efetivamente penalizante, sem a gama interminável de benesses jurídicas, feitas, primeiramente, para beneficiar os "fora da lei" membros dessa mesma elite dominante, e que, por fim, acaba servindo a privilégios jurídicos também aos grandes grupos e às organizações criminosas, não teremos, com a mais consciente convicção, sequer o mais tênue fio de esperança de que tais bárbaries tenham, não um fim, ao menos uma gradativa limitação.

Fora disso - e perdoem-me o invergável ceticismo - não encontramos no que crer para uma melhora, uma diminuição da violência e da criminalidade no Brasil. Se não têm como se educar, como trabalhar e nem o que comer ... a questão é mais do que manifesta de que só fazendo valer a "lei da selva" para sobrevier. Enquanto, ao redor das favelas, dos lixões que alimentam milhares ou milhões de brasileiros famélicos, pululam suntuosos arranhas-céus, milionários - e a maioria impunemente, ainda que através da gama de atitudes ilícitas e previstas no CPB - banqueteando alarmadamente nas mais diferentes colunas dos jornais, espaços de televisões, páginas virtuais, o sentimento bnafejado pela miséria e pela fome, continuarão abastecendo o senso de vendetta.

As alegações, que viraram síndrome da mesmice sintomática, portanto sem fundamentos convincentes, é de que não há recursos. Não há para a Educação, para a Saúde, para a geração de empregos, para dar dignidade e qualidade de vida aos cidadãos brasileiros, mas há para fazer vistas grossas aos crimes de sonegação fiscal galopante, aos crimes "lesa pátria" via corrupção incontrolável (tanto dos políticos como das elites dominantes, livremente), para o banquete esportivo do Pan do Rio 2007, que com a mais convicta certeza, alimentará - e muito - os caixas da mídia, e, também, sempre há recursos para o aumento dos congressistas sem previsão orçamentária, etc e etc.

E quando os governos (todos, indistintamente) falam em cortes de gastos, o fazem exatamente nas áreas da Educação, da geração de empregos, da Saúde, da Previdência Social, da Segurança Pública. Aí, como dizia aquele detetive: “é elementar, meu caro Watson”, não são cortes de gastos, mas cortes de investimentos nas áreas sociais. O que é uma puta pilantragem, uma baita safadeza, posto que os brasileiros pagam impostos para terem o devido e constitucional retorno em prestações de serviços., Mas, lhufas!

O resto, meus caros "watsons", é nada mais do que falácia, demagogia da mais rasteira, desculpas em nível forração. E o povo acredita ... que é sério. Que o que os políticos e a mídia diz é a mais pura verdade. É isso aí!

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