segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Haja brasilidade

Cada vez me sinto mais incrédulo quanto a uma mudança social e comportamental, prá melhor obviamente. E mais cético me torno quando vejo o Brasil praticamente parar prá assistir um vergonhoso programa como o BBB da Globo (nada mais do que um jogo de cartas marcadas prá faturar ... e muito). E vem logo em seguida de outra grande cretinice ibopesca que são as tais novelas globais. E mais drástica fica a situação quando percebo que "as marias vai com a outra" se dobram à mesma criatividade e ao mesmo talento.

Parem, observem e constatarão! A grade de progração das TVs são tão porpositadamente assemelhadas que, mesmo trocando de canal, penso estar na mesma emissora. Os apelidados "telejornais" são apresentados com a mesma diagramação, o mesmo esquema de apresentação com uma mesmice massificante e alienante. São tal e qual, desde a abertura ao fecho, apenas se diferenciam pelas imagens e as vozes dos apresentadores. Programas de humor ... Só se humor cáustico. E tem gente que acha graça e ri parecendo se esborrachar.

Nessas horas é que me dou conta quanta falta faz um Oscarito, com seus trejeitos improvisados e inimitáveis; um Grande Otelo desconsertante; um Mazaroppi e aquele seu jeitão caipira legítimo; um Chico Anísio e sua multiplicidade de personagens de humor agradável e inteligente; o humor cheio de inteligente ironia de um Juca Chaves, além de um compositor satiricamente mordaz.

O Brasil, no domingo, parou mais uma vez prá assistir a um descarado e multimilionário "mis-en-scène" mundial, patrocinado pela Acedamia Cinematográfica Norte Americana, festival de jogo encenado mais popularmente conhecido como "Oscar". Um perfeito jogo de truco.

O Brasil já havia parado, obsoluto, no que se conhecia, há anos passados, como "tríduo de Mômo". Daqui a pouco vem aí o Pan do Rio. Outro pândego motivo para não se poder ligar a televisão. Vai ser uma panacéia (remédio para todos os males) pandemônica insuportável. E tudo parte de truanices.

Nada, disso tudo, passa de uma grande e forjada pandilha. É como escreveu Viana Moog: "O nosso dever é dar ordem ao caos e ao pandemônio social do nosso tempo". Amém!

Enquanto isso, o "sábio e experto" brasileiro, financeiramente cada vez mais estressado (ou seria espoliado?), psicologicamente mais depremido e à beira de evolutivas crises de ansiedade, se entrega a alto preço à fé de oportunistas de plantão, que vão surgindo, como se brotos de trevo de três folhas em terra arada, em todas as esquinas do Iapoque ao Chuí. E, assim, dê-le dinheiro às enxurradas de églises que pululam per tutti i canti, para poder ter a fé, a benção e a solução de todos os problemas. E tutto in nome di dio!

Assim não há como resistir. Me sinto cada dia mais lânguido, mais penalizado e mais sofrido. E o pior é que mesmo não participando desses processos, estou compulsoriamente obrigado a arcar com seus reflexos e efeitos.

Et vive le ignorance !?!?!?

Um comentário:

SALMARR Recicla disse...

Xico muito gostoso o seu blog, ainda bem que sempre encontro pessoas cultas e inteligentes como vc para me curtir boas leituras. Grata
Míriam Pardo Giudice